O SIGNIFICADO SINGULAR DO ADOECIMENTO E OUTRAS DIGNIDADES CONCEITUAIS EM CIÊNCIA

Resumo

Recentemente a homeopatia e as medicinas inte-grativas voltaram a ser duramente criticadas. Precisa-mente em um momento histórico no qual imagináva-mos que, pela capacidade dialógica que a ciência desenvolveu, polêmicas estéreis estariam superadas. É bom frisar que algumas críticas não podem ser des-consideradas, mas predominam ataques descontextu-alizados, que, sob o manto do ceticismo seletivo, adota uma postura arbitrária, e, em certa medida, de baixa acurácia científica.
Isto não significa que não existam importantes lacunas no programa de pesquisas e nas bases cientí-ficas das medicinas e práticas integrativas. Neste mo-mento nos interessa tentar compreender qual é o pre-texto e contexto para o belicismo? Eles emergiram em plena crise sanitária e diante da forma perturbadora como a tecno-ciência vem abordando a atual pande-mia. Não será ousado indagar, suponho, o que não seria uma “questão de ciência?”, a plataforma encabe-çada por pessoas – sem nenhuma experiência clínica em medicina – usada para veicular as objeções.
Ora, a ciência é, ela mesmo, uma questão. Se é justo duvidar da “qualquer coisa serve” em ciência – conforme Paul Feyrabend enunciou em seu livro “Contra o Método” – a ideia de que só existe uma metodologia, um monopsismo supremo do conheci-mento é risível. Vale dizer, existiria uma espécie de “reserva de mercado” da ciência, cuja porta voz ima-gina ao mesmo tempo, acusar, julgar e emitir o vere-dito sobre o estatuto científico de um determinado conhecimento não é apenas presunçosa, expõe gra-víssima ignorância acerca do funcionamento e desen-volvimento histórico do pensamento científico.

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