“Folha de São Paulo” ataca Homeopatia com Editorial Falacioso

Marcus Zulian Teixeira*

Reiterando sua postura editorial preconceituosa contra a Homeopatia, a “Folha de São Paulo” publicou Editorial falacioso criticando a especialidade médica (“Gasto nada homeopático”, 03/07/24), como o faz, de tempos em tempos, em diversas matérias sensacionalistas. Prova desse viés anti- homeopatia do jornal é que ele só publica artigos contrários à especialidade (estratégia pseudocética e pseudocientífica), embora receba, constantemente, diversos releases de estudos que “comprovam as evidências científicas da homeopatia” e que demonstram que “homeopatia não é efeito placebo”.

Dentre esses inúmeros estudos e seus respectivos releases encaminhados ao jornal, publicamos em 2023 o livro digital de livre acesso Homeopatia não é efeito placebo: comprovação das evidências científicas da homeopatia, contando com o apoio da Associação Médica Brasileira (AMB) e da Associação Paulista de Medicina (APM) na sua divulgação, embora tenha sido desprezado pelo corpo editorial da “Folha de São Paulo”.

Em vista de sua magnitude e importância na discussão e comprovação da racionalidade científica do modelo homeopático, em 2024, o livro foi traduzido para os idiomas inglês e espanhol, estando disponibilizado em edições trilíngues em diversas plataformas e formatos [Biblioteca Virtual em Saúde (PDF), Amazon-Kindle e Portal de Livros Abertos da USP (PDF)], embora tenha sido desprezado pelo corpo editorial da “Folha de São Paulo”.

Para esclarecer a classe médica e científica, em sua maioria, desconhecedora da realidade da pesquisa científica em homeopatia, em 2024, a obra também foi divulgada na Revista da Associação Médica Brasileira (RAMB) (“Homeopathy is not placebo effect”: proof of the scientific evidence for homeopathy), embora tenha sido desprezado pelo corpo editorial da “Folha de São Paulo”.

Evidenciando a importância da divulgação científica de forma verdadeira e ética, iremos descrever abaixo a tradução do corpo desse artigo científico publicado na Revista da Associação Médica Brasileira (RAMB) (sem as referências que poderão ser acessadas no texto original), a fim de que os leitores tenham conhecimento da realidade sobre as evidências científicas em homeopatia, desprezada por veículos de massa pseudocéticos e pseudocientíficos, sensacionalistas e com explícito viés anti- homeopatia como a “Folha de São Paulo”.

 

“Homeopathy is not placebo effect”: proof of the scientific evidence for homeopathy

Teixeira MZ. “Homeopathy is not placebo effect”: proof of the scientific evidence for homeopathy. Rev Assoc Med Bras. 2024;70(4):e20231438

Disponível em: PubMed (National Library of Medicine)   / https://doi.org/10.1590/1806-9282.20231438

A homeopatia é uma prática médica reconhecida mundialmente há mais de dois séculos, desenvolvendo atividades de assistência, ensino e pesquisa em diversas instituições de saúde e faculdades de medicina. Emprega uma abordagem clínica baseada em princípios científicos heterodoxos e complementares (princípio da similitude terapêutica, experimentação patogenética homeopática, uso de doses dinamizadas e medicamentos individualizados), com o objetivo de despertar uma resposta curativa do organismo contra seus próprios distúrbios ou doenças1.

Propondo-se a compreender e tratar o binômio doente-doença segundo uma abordagem antropológica vitalista, globalizante e humanista, valorizando os diversos aspectos da individualidade enferma (mentais, gerais e físicos), a homeopatia contribui à manutenção da saúde e da homeostase orgânica, atuando como alternativa terapêutica aos diversos transtornos da saúde2,3.

No entanto, para que possa atingir esse objetivo, a terapêutica homeopática deve ser bem conduzida e seguir as premissas epistemológicas do modelo homeopático1, dentre as quais, a aplicação da similitude terapêutica entre o conjunto de sinais e sintomas da individualidade enferma (totalidade sintomática característica do binômio doente-doença) e o conjunto de sinais e sintomas patogenéticos despertados pelo medicamento na individualidade sadia (experimentação patogenética homeopática), ou seja, a individualização do tratamento homeopático.

Diversos ensaios clínicos duplo-cegos e placebos-controlados (RCTs) e suas revisões sistemáticas com metanálises que desrespeitaram esta individualização terapêutica, administrando o mesmo medicamento para diversos indivíduos portadores de uma mesma doença, não mostraram resultados significativos perante o placebo, por ferirem a racionalidade científica do modelo homeopático1,4,5.

Por outro lado, por estar baseada em premissas distintas das empregadas pela prática médica convencional, a homeopatia, frequentemente, é alvo de críticas e ataques por parte de indivíduos que, sistematicamente, desprezam os pressupostos homeopáticos e quaisquer evidências científicas que os comprovem, por possuírem uma postura negacionista e tendenciosa que impede uma análise correta e isenta de preconceitos. Na realidade, são pseudocéticos disfarçados de pseudocientistas6,7.

Para elucidar médicos, pesquisadores, profissionais de saúde e o público em geral, desmistificando posturas dogmáticas culturalmente arraigadas e as falácias pseudocéticas de que “não existem evidências científicas em homeopatia” e que “homeopatia é efeito placebo”, em 2017, a Câmara Técnica de Homeopatia (CT-Homeopathy) do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) elaborou o Dossiê Especial “Evidências Científicas em Homeopatia”, disponibilizado em três edições independentes (online em português e inglês; impressa em português) na Revista de Homeopatia (São Paulo). Em 2023, o dossiê foi publicado em espanhol na revista La Homeopatía de México, em edição comemorativa do 90° aniversário do periódico8-10.

Composto por nove revisões narrativas de pesquisas em diversos campos da ciência médica (histórica, social, educação médica, farmacológica, básica, clínica, segurança do paciente e experimentação patogênica) e dois ensaios clínicos randomizados desenvolvidos por membros do CT-Homeopatia, englobando centenas de artigos científicos descrevendo estudos experimentais e clínicos, o dossiê busca destacar o estado da arte da pesquisa homeopática8-10.

Para comprovar e ampliar essas evidências científicas da homeopatia, em 25/09/202311, publicamos o livro eletrônico em português “Homeopatia não é efeito placebo”: comprovação das evidências científicas da homeopatia [“Homeopathy is not placebo effect”: proof of the scientific evidence for homeopathy], indexado e disponibilizado na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS-LILACS-BIREME)12,13, atualizando o conhecimento na área em treze capítulos interativos. Além de elucidar, em detalhes, as premissas epistemológicas do modelo homeopático, a obra descreve, num continuum de informações, dados e referências bibliográficas, as diversas áreas das pesquisas básicas e clínicas em homeopatia, os quais endossam a prática e o tratamento homeopático.

Discorrendo sobre diversos temas relacionados à pesquisa em homeopatia, a obra aborda desde a epidemiologia clínica homeopática até as estratégias pseudocéticas e pseudocientíficas usadas em ataques à homeopatia, passando pelo panorama da pesquisa em homeopatia (bancos de dados), fundamentação farmacológica do princípio da similitude, estudos experimentais em modelos biológicos, ensaios clínicos controlados randomizados, revisões sistemáticas e metanálises, e estudos observacionais, dentre outros12,13.

No capítulo “Homeopatia” [“Homeopathy”], estão descritas as evidências científicas dos pressupostos homeopáticos nos bancos de dados gerais, discorrendo, em detalhes, sobre as premissas epistemológicas do modelo homeopático (princípio da similitude terapêutica, experimentação patogenética homeopática, uso de doses dinamizadas e medicamentos individualizados)1, trazendo ao leitor uma visão geral de como se processa o tratamento e a prática clínica em homeopatia.

Em “Epidemiologia clínica em homeopatia” [“Clinical epidemiology in homeopathy”], após uma revisão geral dos princípios da epidemiologia clínica e dos tipos de estudos epidemiológicos empregados para avaliar a eficácia e a efetividade clínica dos tratamentos convencionais, estão descritas as premissas e princípios da epidemiologia clínica homeopática, assim como os tipos de estudos epidemiológicos em homeopatia14. Como enfatizamos inicialmente, a premissa epistemológica da individualização do tratamento homeopático perante a totalidade sintomática característica do binômio doente-doença é uma condição sine qua non para que o medicamento homeopático ultradiluído consiga despertar uma resposta curativa significativa contra os seus próprios distúrbios1,4,5. Sua não observância é uma falha grave no desenho de ensaios clínicos homeopáticos de alta qualidade metodológica14.

No capítulo “Panorama da pesquisa em homeopatia – Bancos de dados” [“Overview of homeopathy research – Databases”] além dos bancos de dados gerais, estão descritas as diversas bases de dados que agrupam os estudos experimentais em modelos biológicos e físico-químicos (‘Homeopathy Basic Research Experiments database’, ‘HomVetCR database’ and ‘PROVINGS.INFO database’), assim como os estudos clínicos epidemiológicos de todos os tipos (‘Clinical Outcome Research in Homeopathy’, ‘Homeopathic Intervention Studies’ and ‘CAM-QUEST databases’). Nesses bancos de dados, o leitor poderá constatar a ampla gama de estudos indexados nas áreas das pesquisas básicas e clínicas em homeopatia, com propostas de levantamentos bibliográficos exemplificados em cada capítulo da obra.

No capítulo “Fundamentação farmacológica do princípio da similitude” [“Pharmacological basis of the principle of similitude”], o princípio da similitude terapêutica é abordado segundo o modelo homeopático e a farmacologia moderna, descrevendo centenas de estudos experimentais e clínicos que fundamentam a resposta curativa (reação vital) do tratamento homeopático em conformidade com o efeito rebote dos fármacos modernos (reação paradoxal do organismo). Além disso, descreve a proposta de empregar os fármacos modernos segundo a similitude terapêutica, empregando o efeito rebote das drogas de forma terapêutica15-17.

No campo da pesquisa básica em homeopatia, o capítulo “Estudos experimentais em modelos biológicos (in vitro, em vegetais e em animais)” [“Experimental studies in biological models (in vitro, in plants and animals)”] descreve centenas de estudos experimentais controlados em células, em plantas e em animais, demonstrando a superioridade do efeito do medicamento homeopático perante os grupos-controles e evidenciando, em revisões sistemáticas e metanálises, que “homeopatia não é efeito placebo”18-20.

No campo da pesquisa clínica em homeopatia, o capítulo “Ensaios clínicos controlados randomizados (RCTs)” [“Randomized controlled clinical trials (RCTs)”] descreve dezenas de ensaios clínicos randomizados, duplo-cegos e placebos-controlados (nível de evidência 1B) de boa qualidade metodológica, os quais demonstram a eficácia do tratamento homeopático perante o placebo. Aumentando o nível de evidência (1A) da eficácia clínica da homeopatia, quatro capítulos abordam as revisões sistemáticas de RCTs, globais (qualquer indicação clínica) e específicas (indicações clínicas específicas), com e sem metanálises.

No capítulo “Revisões sistemáticas e relatórios globais com resultados positivos da homeopatia perante placebo” [“Systematic reviews and global reports with positive results of homeopathy compared to placebo”], estão descritas as cinco revisões sistemáticas globais com metanálises (e um relatório global) que demonstraram a superioridade do tratamento homeopático perante o placebo. Por outro lado, no capítulo “Revisões sistemáticas e relatórios globais com resultados negativos da homeopatia perante placebo (Falhas metodológicas)” [“Systematic reviews and global reports with negative results of homeopathy compared to placebo (Methodological flaws)”] estão apresentados os estudos que trouxeram resultados negativos da homeopatia perante o placebo (duas revisões sistemáticas globais, uma com metanálise e outra sem, e um relatório global), evidenciando os inúmeros vieses e falhas metodológicas dos mesmos, apresentados em diversas reanálises publicadas posteriormente (análises post hoc).

Confirmando essas reanálises, em 07/10/2023, foi publicada uma revisão sistemática de metanálises globais de RCTs demonstrando que “a qualidade da evidência dos efeitos positivos da homeopatia para além do placebo foi elevada para a homeopatia individualizada e moderada para a homeopatia não individualizada”, e que “não houve suporte para a hipótese alternativa de não haver diferença de desfecho entre homeopatia e placebo”21.

No capítulo “Revisões sistemáticas para condições clínicas específicas” [“Systematic reviews for specific clinical conditions”], estão descritas as revisões sistemáticas específicas, que demonstraram a superioridade da homeopatia perante o placebo, em diversas condições clínicas, com metanálises (rinite alérgica, diarreia aguda infantil, íleo pós-operatório e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade) e sem metanálises (otite média aguda, inflamação pós-operatória, distúrbios psiquiátricos e doenças reumáticas).

No capítulo “Estudos observacionais” [“Observational studies”], discorremos, principalmente, sobre os estudos observacionais analíticos (nível de evidência 2B), descrevendo estudos de coorte robustos que trouxeram importantes informações sobre a efetividade e a relação custo- efetividade do tratamento homeopático em milhares de pacientes, em longo prazo e em diversas condições clínicas22-25.

Finalizando o livro, o capítulo “Estratégias pseudocéticas e pseudocientíficas usadas em ataques à homeopatia” [“Pseudoskeptical and pseudoscientific strategies used in attacks on homeopathy”] discorre sobre o pseudoceticismo e a pseudociência, descrevendo, em detalhes, os sinais indicativos do pseudoceticismo (falso ceticismo ou ceticismo patológico), temas de fundamental importância para desmascarar os indivíduos que, sistematicamente, mantém uma postura negacionista e dogmática contra a homeopatia (pseudocéticos e pseudocientistas), desprezando as inúmeras evidências científicas existentes, as quais foram apresentadas, em detalhes, nos diversos capítulos6,7.

Como reiteramos ao longo da obra, apesar das dificuldades e limitações existentes no desenvolvimento de pesquisas em homeopatia, tanto pelos aspectos metodológicos quanto pela ausência de apoio institucional e financeiro, o conjunto de estudos experimentais e clínicos descritos é prova inconteste de que “existem evidências científicas em homeopatia” e que “homeopatia não é efeito placebo”, ao contrário do preconceito falsamente disseminado6,7. No entanto, novos estudos devem continuar a ser desenvolvidos, para aprimorar a prática clínica e elucidar aspectos singulares ao paradigma homeopático.

Atuando como terapêutica integrativa e complementar às demais especialidades, a homeopatia pode acrescentar eficácia, efetividade, eficiência e segurança à prática médica, agindo de forma curativa e preventiva, diminuindo as manifestações sintomáticas e a predisposição ao adoecer, com baixo custo e eventos adversos mínimos, auxiliando o médico a cumprir a sua “mais elevada e única missão, que é tornar saudáveis as pessoas doentes, o que se chama curar” (Samuel Hahnemann, Organon of the healing art, § 1).

Marcus Zulian Teixeira*

*Médico homeopata, doutor em ciências médicas e pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) / https://orcid.org/0000-0002-3338-8588

“Homeopatia não é Efeito Placebo”: Comprovação das Evidências Científicas da Homeopatia
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“Homeopathy is not Placebo Effect”: Proof of Scientific Evidence for Homeopathy
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“La Homeopatía no es Efecto Placebo”: Comprobación de las Evidencias Científicas en Homeopatía
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